“A Sombra do Vento" é um fantástico romance que transporta o leitor na transversalidade profunda de uma fascinante história, sobre os livros e as relações humanas, desenhada em contornos de inspiração gótica. Na misteriosa e nostálgica cidade de Barcelona dos anos quarenta, o autor explora, através dessas mesmas relações entre as personagens, sentimentos fortes e profundos, como o amor, a amizade, a nobreza, o ódio e o perdão. Numa dimensão que se pode considerar mágica, sem contudo negligenciar as premissas que constroem a realidade, esta história tatua no leitor a sensação de incapacidade de definição da fronteira concreta, que estabelece o limite da importância e do amor que um Ser Humano pode nutrir pelos livros e, simultaneamente, a profunda mudança que estes podem operar na sua vivência, quando ao sequestrarem a sua atenção, resgatam a sua alma. Um livro que ensina a amar os livros.
(martin jusefus)
“Retornados: um amor nunca se esquece”, é um romance da autoria do jornalista Júlio Magalhães. Numa escrita clara e acessível o autor oferece ao leitor uma nova perspectiva daquilo que foi a descolonização portuguesa e reconhece o valor de todos aqueles portugueses que regressaram ao seu país com o carimbo de “retornados”.
O autor a partir do drama vivido por milhares de famílias e das suas recordações de infância, em África, constrói um enredo onde a par do romance encontramos um relato da maior ponte aérea de que há memória em Portugal.
Fátima Sousa
Ler Manuel Teixeira Gomes é tomar contacto com um Algarve que já não existe. Daí a importância de ler qualquer texto de escritor algarvio, pois só assim ficamos a saber o que se perdeu desde então neste pedaço de país. E Teixeira Gomes não perde tempo a desenhar personagens, antes descreve um Algarve sensual, modorrento, de mulheres embiocadas, de homens com chapéus de abas largas, desconfiados e protectores da sua prole; nada inventa, pois tudo o que escreveu foi o que realmente viveu e observou no Algarve e nos países por onde viajou e residiu.
(J. P. Cruz)
Classificarmos esta obra como uma autobiografia ou memórias seria demasiado redutor.
O prazer que senti ao ler foi gerado pelo jogo narrativo usado pelo autor conjugado com o olhar de um homem, fortalecido por uma vida intensa, sobre os momentos de epifania e trevas da sua vida.
As memórias são os fragmentos circunscritos num tempo de encontro e desencontro com as pessoas/personagens que dão sentido à sua vida.
Contudo, estas personagens, avós, pais, familiares, companheiros de kibutz, amigos, outros escritores e vizinhos, ganham autonomia e aprisionam os capítulos.
As memórias do “re-nascimento” de Israel, como pátria, desde os tempos de protectorado inglês, são apresentadas ao leitor pelos percursos sinuosos de cada uma das vidas das pessoas/personagens com diferentes estatutos sociais, origens geográficas, línguas maternas e tradições, que se deslocaram em busca da terra prometida.
Apesar desta assombrosa obra que nos faz reflectir sobre a dimensão e a profundidade da vida humana, que não se confina ao modelo do que é politicamente correcto em cada época/geração, ainda não foi este ano que Amos Oz ganhou o Nobel da Literatura.
(tecas)